quarta-feira, 17 de outubro de 2012

A seca...


Pelo luto das estradas o inesperado criva meus olhos,
secura de maneira a não acreditar.

Vejo redemoinhos de poeira a pintar o cenário do paisagem cinza,
logo a frente uma vaquinha magra curva suas pernas e como um bailar mortal faz sua ultima reverencia e não se levanta mais.

A água que era antes a riqueza do lugar agora não passa de uma pobre e densa lama,
as rachaduras decoram o chão antes fértil, e como um lacre isola a vida do que ainda há por vir.

Meio dia parece uma eternidade quando se espera o por do sol.

A figura da fome nesse instante é a amiga que chega sem avisar e adentra pelo oitão da casa e se hospeda como um visitante indesejado.

O choro de uma criança se mistura com latido do cachorro esquelético que quase não se aguenta em pé, o homem sem escolha corre pela vastidão do sertão a espera da chuva.

Garranchos são almas das árvores secas que decoram o tempo com o contraste do céu azul.

A espera quando não se sabe a hora de chegar é uma dor que não dói, uma febre que não passa, uma fila que anda pra traz.

A noite vejo a luz da lamparina clarear o corredor da pobre casa, tirnando as paredes de taipa.
 
O sono vem como um remédio para a fome e todos os sonhos são pesadelos.

 

Um comentário:

  1. Depois de muito tempo sem postar nada, volto com minhas impressões sobre o sertão tão sofrido com a seca...

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